Quando sua íris indefinida boia
bamba e bêbada em sua órbita, relutando contra o sono ou lutando para se
entregar a ele por completo.
Quando
os traços que formam o desenho perfeito de sua boquinha singela ensaiam seus primeiros
sorrisos.
Quando seus cabelos já tão
precocemente encantadores lançam de si um perfume suave e nem por isso menos
tentador e que convidam a apreciação em sua forma mais pueril.
Quando seu chorinho rouco comove
e convida a afagos sinceramente solidários.
Quando a brandura do toque de
suas pequenas mãozinhas provoca a dicotomia da força inegável que é o controle
que tem sobre mim, apenas por ser.
Quando o quando deixa de ser algum
tempo determinado e se eterniza no presente, num hoje que sempre é, porque foi
e será, como se nunca tivesse deixado de existir.
É nesse quando que nasce o amor
genuíno, que já reconhecido, percebe-se tão infinito como preexistente. O
eterno que rima com o incondicional, na melodia que a alma da gente usa de
trilha sonora para cantar, quase que numa oração, a gratidão pelo que a vida
nos ofereceu.
É nesse momento que o humano se
obriga a crer no etéreo, por reconhecer sua pequenez. Mais que isso, é nessa
hora que me envergonho por não senti-Lo e, por isso, agradeço com uma culpa tão
irracional, quanto franca. Pois é também nessa hora em que me sinto tão menor,
diante de tamanha entrega e de tamanho amor, que tenho a exata certeza de tudo
e do nada.
Todo problema, todo erro
cometido, toda autopiedade, todo desprezo, toda carência se tornam nada, perto
de tudo que é o amor por alguém que já nasceu enorme e ainda nem sabe disso.
Que minhas noites sejam cada vez
mais curtas, desde que prolonguem o tempo de estar com você em meus braços,
Lara, meu amor!
3 comentários:
Não sei se é o cobalto dia frio, ou se é a poesia do suas palavras,mas ler seu texto me fez chorar. Tive uma vontade enorme de também me sentir assim. Agora parece mais difícil e menos natural (pelo menos o modus operandis) pra mim, mas ainda continua sendo essa a sensação que almejo na vida, algo que talvez nem a música possa me oferecer de fato como a pequena Lara com tema e tudo oferece a você, como os pequenos oferecem e como já oferecemos um dia à nossas mães!
Não sei se vc escolheu ou foi escolhida. Mas sei que existem outras formas de maternizar a vida, querida! O importante é sentir profundamente qualquer sentmento qe nos faça muito bem. E, pelo que sei, vc escolheu sentir intensamente.
Beijos.
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