Nenhum filho deveria morrer antes
dos pais, mas quando penso em perder minha mãe, reconheço a necessidade disso
acontecer em alguns casos.
Muitas vezes, tomando
conhecimento de casos de pais que perderam seus filhos, me submeti a pensamentos
masoquistas, pondo-me no lugar daqueles. Mas nunca tinha feito o exercício
inverso de me imaginar perdendo minha mãe.
Mas hoje, contemplando a
delicadeza e a fragilidade do bebê que tenho em casa e pensando na
responsabilidade que é ser mãe de duas criaturas tão maravilhosas como as que
tive o privilégio de gerar, é que fui pensar nisso. E eu que sempre me
acreditei uma pessoa pouco sensível para a maioria das coisas, deparei-me com uma
situação de pânico total! Deve ser o tal ditado que diz que só damos valor às
mães quando a gente se torna uma.
O que será de mim sem a segurança
da sua presença tão genuinamente maternal? Sem a retidão da sua moral, sua bondade
naturalmente cultivada em um coração tão generoso que se anula em prol do
próximo...
Estou certa que não sou uma
pessoa pior do que sou hoje, principalmente por ela. E é por ela que, a partir
de hoje, vou me obrigar a ser melhor do que já fui até aqui.
A humanidade não fez dela uma
santa, ainda bem, posto que é requisito básico para nossa relação familiar,
espiritual e previamente determinada. Até por isso mesmo nossas diferenças
explícitas. Resgate, por certo! Ela veio me resgatar. Tomara que consiga,
porque eu preciso me livrar dessa culpa generalizada que sinto de tudo na vida.
E é pra acabar com uma delas que preciso que ela saiba do tamanho da minha
admiração e da quantidade de amor que sinto por ela. Queria saber fazê-la
sentir também, mas sou imperfeita demais pra isso...
O que me resta é amar minhas
filhas como me senti amada por ela a minha vida toda e tentar ser para elas
tudo que minha mãe foi pra mim. Exemplo, referência e certeza.
Precisava falar isso enquanto nós
duas no mesmo plano. Lido mal com remorso e com arrependimento pelo não feito.
Isso não são apenas palavras. E
para quem sabe ler, um pingo é letra, e palavras são sentimentos travestidos de
necessidades de diferentes naturezas. A minha hoje é de redenção confissão e
sujeição. E como palavras também são sentimentos
que não foram expostos, ofereço-lhe as minhas. Atrasadas, mas límpidas,
fieis... eternas!
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