É em dias quase perfeitos assim
que a vida parece ter menos sentido pra mim.
O paradoxo é deboche da providência, se
fazendo tão concreta ao oferecer o cálice da alegria ao mesmo tempo em que
esvazia a alma de fé nela mesma.
Essa ironia me parece alerta de
que algo não está sendo feito como no script. E desconhecer o erro inquieta e
me tira da zona de conforto, fazendo-me sentir culpa e acabando com a perfeição
daquele quase.
Intuição?
Intuição é aliada da fé ou obstáculo para a
paz? A paz depende da fé, ou esta faz parte daquela? As dúvidas são obstáculos
para a fé ou ferramentas para a paz?
Fé é certeza e penso que o que é
certo não deve trazer desassossego.
Se o querer é poder, por que não
posso crer? O que fazer para alcançar esse poder, que analisado assim friamente
me parece tão ditatorial e por isso mesmo indiscutível, e por isso mesmo
irracional, e por isso mesmo inaceitável.
O temor de que a fé venha através
da dor não é por si só um indício dela?
O temor de que ela venha através da
dor é uma súplica por perdão por não tê-la como parte de si.
E sabê-la sem exercê-la de acordo
com as virtudes cotidianas que deveriam ser seguidas por quem se julga fiel não
é o mesmo que não ser?
Julgar a fé e os fieis é também
falta de fé?
Creio no que sinto e sinto muito
por não sentir mais que uma vontade de querer acreditar e uma força maior que
essa vontade de não poder parar de pensar procurando razão.
E há quem já tenha dito que com
ela não costuma falhar. E, por isso, assim, sigo fiel. Na minha sanidade, na
minha esperança, no meu porvir.
Um comentário:
... e isso deve bastar.
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