
Quisera eu, meus vícios fossem novamente a natação, o samba, o leite condensado e a banana quente com canela. Seriam também subterfúgios para burlar a ansiedade, mas deixar-me-iam mais leve.
Mas, sem ele, torço para que as horas passem rápidas, para que meu dia termine, minhas angústias se findem e o tédio descanse em uma boa noite de sono... se não sofresse também de insônia aguda. Não. Crônica. Nem sei mais.
Não posso mais enganá-lo. Já não sinto mais o mesmo carinho por ele. Minha forte ligação não passa agora de dependência. Depois que me flagrei num vulgar triângulo amoroso, onde o abatimento físico e moral (enquanto continuar a profanar* tal possibilidade, sinto-me um pouco mais distante dela) tenta, constantemente, se tornar íntimo de mim, sentí-me traída por ele. Mas admito minha parcela grande de culpa. Mas recuso-me a carregá-la sozinha. Meritocracia nua e crua, não! Para nenhum dos pólos, seja o positivo ou o negativo. Continuo a acreditar numa teia de processos que são urdidos de forma mais complexa.
Fato é que não consigo mais controlar a falta que sinto do meu “racumim”, “minha ração”, a “flocx” ou meu “remedinho da felicidade”, como chamava, carinhosamente, meu ansiolítico oficial – a Fluoxetina.
Mas repito: “Estou uma viciada”. Porque desafio qualquer um a apostar comigo que, aqui, o verbo “to be” não caberá nunca. Pelo menos, na sua forma mais plena.
* no sentido de tratar com irreverência
Por Elga Arantes, 2008.
4 comentários:
Ei Elga!
É bom saber que outras pessoas compreendem o vício pelo forró, no seu caso o samba! Acredito que podemos até trocar seu nome em alguns momentos. Não chamá-lo de vício, mas de paixão, amor ou qq outro nome mais justo e condizente com a alegria que ele nos proporciona. Mas, como o vício pela fluoxetina, esse amor e essa paixão capazes de nos tornar verdadeiros dependentes são, por isso, perigosos. E, pra falar a verdade, do que vale a vida sem os riscos e perigos?
Gostei dos seus textos tb! Voltarei sempre!
Beijos,
Luiza
Tem momentos que não dá pra fugir da realidade...
Nem nos embriagando...fugiremos.
Sai dessa, abre uma skol. Mais barato e prazeroso.
Ops, se bem que barato se vc não for dirigir. A multa agora é alta.
Bjo, bjo, bjo.
Marcelo
Prefiro um copo de Cuba...
Postar um comentário