sábado, 26 de abril de 2025

Mais sobre a saudade

Sinto saudades homéricas de momentos revistados por meio de fotografias tiradas de maneira quase irresponsável. Mas como prever que os registros pudessem provocar um misto de "não sei o quê" com "quem me dera".  Sinto falta da ignorância de quem não havia ainda experimentado a descrença como acometimento e não mais como mero sintoma. A patologia degenerativa, progressiva e irreversível. O castigo de quem já viveu o suficiente para saber que daqui em diante qualquer encontro é tratamento paliativo da luta desesperada por alívio e um pouco de qualidade de (não) vida. Porque viver vai longe dessa obsessão de organizar palavras na mente e despejar em uma tela que simboliza o único brilho possível de ser refletido nos olhos órfãos de quem ainda se considera filha de um Deus que não tem certeza se já conheceu. 


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