sábado, 26 de setembro de 2015

Oferta a Morfeu

Parecia chumbo. A cabeça, o corpo todo.
Sim, tinha coragem, tinha vontade, mas nenhum enredo.
Padecia do que sabia solução.  Era escravizada pela necessidade que lhe era também alívio. Mas não podia. Estava atrasada demais pra tudo.
Então se entregou. Adormeceu. 
E numa espécie de impulso onírico despertou e andou até o trampolim.
Deu um, dois e no terceiro salto se lançou o mais alto que pode. Retesada, rígida, tensa. E quando chegou ao limite se deixou cair. Uma queda livre. Livre e suave. Não rasgou o ar, se fez dele elemento.
Ignorou o que era permitido pensar, abstraiu convenções sociais adoecidas, enquanto sentia o estampido seco de um mergulho. O paradoxo que sempre apreciara. Sentia os braços e as pernas abrirem caminho na densidade daquelas letras, tantas palavras, tanto drama ! Estranhou a intimidade de tanta poesia. Editou os contos e atualizou as crônicas mais atuais.
Até que não pode mais prender a respiração e veio à tona. E num sorriso lânguido recostou a cabeça na borda daquele tanque de águas tão claras. Suspirou aliviada! Não havia enxergado nenhuma certeza.
 E tudo isso ao som de Yann Tiersen,



Um comentário:

sblogonoff café disse...

Meu Deus, então emerge a surpresa do fundo do tanque, sem deixar estancar a velha poesia de outrora...
E Yann Tiersen, que embalou tantas Poulains, agora é trilha par ao pulo, para a água e o retorno!

Será que a certeza é anti -matéria? Será que é um neutrino?

Pauta para o próximo Nobel da paz ou da física...

Mas o da literatura já jazz, já jaz, ja já que vem!