domingo, 6 de outubro de 2013

LARALÁ...LARALÁ... LARA...


Quando sua íris indefinida boia bamba e bêbada em sua órbita, relutando contra o sono ou lutando para se entregar a ele por completo.

Quando os traços que formam o desenho perfeito de sua boquinha singela ensaiam seus primeiros sorrisos.

Quando seus cabelos já tão precocemente encantadores lançam de si um perfume suave e nem por isso menos tentador e que convidam a apreciação em sua forma mais pueril.

Quando seu chorinho rouco comove e convida a afagos sinceramente solidários.

Quando a brandura do toque de suas pequenas mãozinhas provoca a dicotomia da força inegável que é o controle que tem sobre mim, apenas por ser.

Quando o quando deixa de ser algum tempo determinado e se eterniza no presente, num hoje que sempre é, porque foi e será, como se nunca tivesse deixado de existir.

É nesse quando que nasce o amor genuíno, que já reconhecido, percebe-se tão infinito como preexistente. O eterno que rima com o incondicional, na melodia que a alma da gente usa de trilha sonora para cantar, quase que numa oração, a gratidão pelo que a vida nos ofereceu.

É nesse momento que o humano se obriga a crer no etéreo, por reconhecer sua pequenez. Mais que isso, é nessa hora que me envergonho por não senti-Lo e, por isso, agradeço com uma culpa tão irracional, quanto franca. Pois é também nessa hora em que me sinto tão menor, diante de tamanha entrega e de tamanho amor, que tenho a exata certeza de tudo e do nada.

Todo problema, todo erro cometido, toda autopiedade, todo desprezo, toda carência se tornam nada, perto de tudo que é o amor por alguém que já nasceu enorme e ainda nem sabe disso.

Que minhas noites sejam cada vez mais curtas, desde que prolonguem o tempo de estar com você em meus braços, Lara, meu amor!

3 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
sblogonoff café disse...

Não sei se é o cobalto dia frio, ou se é a poesia do suas palavras,mas ler seu texto me fez chorar. Tive uma vontade enorme de também me sentir assim. Agora parece mais difícil e menos natural (pelo menos o modus operandis) pra mim, mas ainda continua sendo essa a sensação que almejo na vida, algo que talvez nem a música possa me oferecer de fato como a pequena Lara com tema e tudo oferece a você, como os pequenos oferecem e como já oferecemos um dia à nossas mães!

Elga Arantes disse...

Não sei se vc escolheu ou foi escolhida. Mas sei que existem outras formas de maternizar a vida, querida! O importante é sentir profundamente qualquer sentmento qe nos faça muito bem. E, pelo que sei, vc escolheu sentir intensamente.

Beijos.