sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Hiéé, Hiéé, Hiéé..


Uma alma e seu violino.

Foi assim. Um homem simples, num corpo comum. Uma alma notável que reproduzia a trilha sonora perfeita para o bucolismo de um lugar de natureza exuberante, que fora o pano de fundo de uma vida toda. Ele também era, por natureza, exuberante e bucólico. E foi esse paradoxo de simplicidade e sabedoria que o tornou admirável até aos olhos mais displicentes.

E essa aparente falta de nexo, diferente do que possa parecer, não causava desarmonia. Ao contrário, foi exatamente por não deixar que a humanidade escapasse de suas mãos, que ele não se fez etéreo e pode permitir que cada um se identificasse com ele de alguma maneira. E foi o que fez com ele se tornasse, cada vez mais, próximo de seus conviventes. Quem era amigo, virou irmão. Quem era filho, ficou seu fã.

Sua risada singular estava em concordância com sua função de músico: celebrar a vida. Sua voz retumbante estava em conformidade com sua função de anunciar o fato mais estrondoso e derradeiro da vida: a morte.

Compreendia que a morte fazia parte da vida. Agora, nos prova isso com seu próprio exemplo, quando olhamos sua moto, ali estacionada, e ainda podemos ouvir o ruído dela se aproximando; quando ouvimos o som de um violino e nos reportamos rapidamente a imagem plácida de quem era amante das artes; quando alguém remeda sua risada inconfundível, provocando as gargalhadas de quem está ao redor; quando ouvimos discursos inflamados sobre a má gestão política e a corrupção. Logo ele, incorruptível no que tangia seus valores...

Não exigiu nada de maneira explícita, mas os seus exemplos, por si só, impõe a nós, que pudemos assistir um espetáculo, mesmo que despretensioso, de generosidade e humildade, primemos pelo amor e pela brandura, em detrimento do orgulho e da intolerância.

Que seja esse, então, o agradecimento legítimo a uma alma genuína: o amor! À vida e ao próximo.

4 comentários:

Anônimo disse...

Muito lindo!

sandro caldas disse...

Como sempre seus textos inspiram e vêm de sua inspiração sensível. Estou de volta ao seu blog depois de uma longa ausência. Grande beijo.
PS: Te add ao meu facebook (Alessandro Caldas Pina)

Paty disse...

Obrigada por ser assim, sua linda!

Flavia Brettas disse...

Menina! Você viu e ouviu isso tudo dele mesmo??? Que bonito e triste deve ter sido...

Eu conheci ele, ele em outra face, face de um amigo meu, amigo esse assim, assim como ele!