quarta-feira, 10 de agosto de 2011

As coisas também morrem


Quando a morte de alguém que gostamos vem de maneira inesperada, a dor é profunda e quase cruel, posto que a crueldade é uma exclusividade humana. A dor da perda, a certeza da saudade, a consciência da falta e a enigmática sensação de viver o imprevisto, faz da dor algo quase inefável, consequência do desconhecido.

Já a morte de quem já sucumbia doente, quase que faz com que a sensação não pareça funesta. Quase! E esse “quase”, aparentemente tendencioso para algo bom – “quase conseguiu...”- ou , pelo menos, algo que nunca é totalmente ruim – “quase não conseguiu...”- quando tira a máscara da dissimulação, fere mais que a inevitabilidade da certeza, a falta da dúvida, a ausência da esperança.

Preparar-se para a morte é como enxugar o gelo. Muito esforço, pouco resultado. Tentar calçar-se numa falsa segurança que a prevenção pode nos dar é, por vezes, decepcionante.

Não há como rearranjar o porvir. Não há como manipular os sentimentos. Não há como tentar compor situações, de acordo com nossas capacidades emocionais. Acreditar-se absolutamente habilitado para o sofrimento é armar-se para a vida e quem guerrilha com a vida, inevitavelmente, morre, matando ou morrendo.

Portanto, a melhor maneira de sofrer é sofrendo. É admitir a dor. A dor é inevitável, o sofrimento também. O que é opcional é a atitude perante essas impressões. Resignar-se não é sinônimo de desistir e sim de compreender que todo processo tem suas etapas.

O alívio impreterível só virá mesmo de uma maneira: pelo fim. Do sofrimento, não seu! 

Um comentário:

Anônimo disse...

É isso mesmo, coração, a única maneira é aceitar e passar por tudo, afinal, por mais dolorido que seja esta é a graça da vida. É o que torna cada um diferente suas próprias experiências. E infelizmente, o ser humano precisa de dor para praticar a sensibilidade, caso contrário sofre sem saber porque.

:*