quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Loja de conveniência emocional


EU, que O amava; O, que ME amava - Drummond teria inveja de tanta simplicidade, tamanha sorte!  A simplicidade da escrita não explicita a complexidade das relações de qualquer natureza. Nem mesmo na complicada "Quadrilha", do referido autor, seria fácil adivinhar o trágico fim de Joaquim, e se isso teria conexão com o improvável destino de Lili.

Bastasse o amor! Bastasse o desejo!

São muitos os olhares fiscalizadores da conduta do amar. E nos rendemos as convenções - quase sempre... Um código de conduta que, por vezes, pesa diferente, dependendo da medida. Da medida do conveniente, da medida da compreensão e da generosidade em relação ao que se vê, ou se sabe. 

Ser o que se quer não dói mais que tentar ser o que os outros esperam e acreditam que sejamos. Ser o desejo alheio nos priva, até mesmo, de descobrir o que somos de verdade. Se é que a verdade tem apenas uma face, como dizem muitos, em coro.

Bastasse amar! Bastasse desejar! 

Bastasse ensaiar o discurso em frente ao espelho, quando se acredita estar só, numa ingenuidade provinciana. Nem estamos sós com nós mesmos, nem conseguiremos estrear o discurso tão repetido... pra quem, mesmo?? 

É preciso coragem até para deixar que venha a tona a consciência de que, nem quando dizemos o que queremos, estamos dizendo apenas o que queremos. Quando falamos a alguém, o intento é o convencimento. Não fosse assim, calaríamos, poupando energia vital. Se tentamos manipular opinião, mudar decisões e até os sentimentos de outrem é necessário lembrar que ele não é a gente mesmo. O outro, pois, não sendo eu, supõe que o que digo não pode ser apenas o que parte das minhas vontades e certezas. É necessario destreza para percorrer os meandros do que seja o outro, sem se perder no labirinto do que somos.

- Uma bussola sentimental, por favor! No débito. 

Por Elga Arantes, 2011.



2 comentários:

DANIEL AGUIAR disse...

Oi. Gostei do seu blog. Tenho um sobre finanças. Se quiser, pode visitá-lo.

Abs.
Daniel.

aplicfacil.blogspot.com

Daniel Savio disse...

Amor assim prisioneiro não sobrevive...

Fique com Deus, menina Elga Arantes.
Um abraço.