EU, que O amava; O, que ME amava - Drummond teria inveja de tanta simplicidade, tamanha sorte! A simplicidade da escrita não explicita a complexidade das relações de qualquer natureza. Nem mesmo na complicada "Quadrilha", do referido autor, seria fácil adivinhar o trágico fim de Joaquim, e se isso teria conexão com o improvável destino de Lili.
Bastasse o amor! Bastasse o desejo!
São muitos os olhares fiscalizadores da conduta do amar. E nos rendemos as convenções - quase sempre... Um código de conduta que, por vezes, pesa diferente, dependendo da medida. Da medida do conveniente, da medida da compreensão e da generosidade em relação ao que se vê, ou se sabe.
Ser o que se quer não dói mais que tentar ser o que os outros esperam e acreditam que sejamos. Ser o desejo alheio nos priva, até mesmo, de descobrir o que somos de verdade. Se é que a verdade tem apenas uma face, como dizem muitos, em coro.
Bastasse amar! Bastasse desejar!
Bastasse ensaiar o discurso em frente ao espelho, quando se acredita estar só, numa ingenuidade provinciana. Nem estamos sós com nós mesmos, nem conseguiremos estrear o discurso tão repetido... pra quem, mesmo??
É preciso coragem até para deixar que venha a tona a consciência de que, nem quando dizemos o que queremos, estamos dizendo apenas o que queremos. Quando falamos a alguém, o intento é o convencimento. Não fosse assim, calaríamos, poupando energia vital. Se tentamos manipular opinião, mudar decisões e até os sentimentos de outrem é necessário lembrar que ele não é a gente mesmo. O outro, pois, não sendo eu, supõe que o que digo não pode ser apenas o que parte das minhas vontades e certezas. É necessario destreza para percorrer os meandros do que seja o outro, sem se perder no labirinto do que somos.
- Uma bussola sentimental, por favor! No débito.
Por Elga Arantes, 2011.
2 comentários:
Oi. Gostei do seu blog. Tenho um sobre finanças. Se quiser, pode visitá-lo.
Abs.
Daniel.
aplicfacil.blogspot.com
Amor assim prisioneiro não sobrevive...
Fique com Deus, menina Elga Arantes.
Um abraço.
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