sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Para quem rir da charge...


É verdade. Todo aquele discurso sobre as vantagens da maturidade de uma mulher de trinta é a mais pura verdade. A gente se sente (mesmo que não seja, bem no fundo) mais segura, independente, realista e mole... “Mole?”, você deve estar se perguntando. E ratifico: Sim, mole.

Que fique entre nós, acho que as falas, as crônicas, as músicas e poesias sobre a maturidade feminina são lindas produções artísticas e até mesmo intelectuais, no que tange o espírito e, repito, na maioria dos casos e para a maioria das mulheres, muito próximas da realidade. Mas, apesar de tudo, não deixa de ser um discurso compensatório. Porque tem um outro lado nada glamouroso em ser uma balzaquiana: A flacidez do corpo físico.

Eu sei, eu sei...não me venha com clichês politicamente corretos. Tenho consciência plena da importância da reforma íntima, prezo, vezes mais, valores mais abstratos que certas superficialidades, mas não posso fingir que não tenho percebido, nem me chateado, com as mudanças que vêm ocorrendo na minha superfície corporal. Sou humana e, como tal, feita de carne e osso e tenho assistido a degradação lenta, mas progressivamente inevitável, do meu instrumento de trabalho e de lazer, e da prova mais concreta da minha existência. E da finitude dela.

Até há uns cinco anos, uma semana inteira de abdominais (três séries de quarenta) era suficiente para me conferir um abdomem rígido e chapado para entrar naquele vestido justíssimo que me fazia sentir um pedaço de qualquer coisa embalado a vácuo. Hoje, preciso de muitas mais séries e repetições para não parecer uma grávida de quatro meses de gestação (também, tenho comido mais que o Pacman, do Atari)*. E o vestido, não o tenho mais nem para meta simbólica – sou uma pessoa realista, apesar de otimista.

Shorts, dificilmente me atrevo a usar. Principalmente em eventos ao ar livre, onde o sol teima em iluminar a "simpatia das minhas pernas". Sim, porque com tantas covinhas, ela deve ser mesmo uma perna sorridente...

A cintura mais rechonchuda, os pés-de-galinha, os primeiros fios brancos de cabelo, vem me provar o imperialismo do tempo, a soberania da natureza e, principalmente, a qualidade evidente de ser mortal e não eterno. Nesse caso, nem a companhia da esperança pode me consolar. A finitude é certeira; e certeza!

E quase nada me traz mais a sensação de tempo decorrido e do final dos meus "quinze minutos de fama" do que ver lindas moças de vinte anos, com corpos esculturais (e rígidos!!!), sorrisos frescos e pele iluminada correr até a mim e me chamar de “tia Elga”. E o pior é que, além de gostar, eu acho bonito!

Uma coisa compensa outra... Um discurso compensa outro...

* Alguém entendeu a piadinha sem graça? Se eu disser que o Lolo era muito mais gostoso que o Milkbar, alguém entende? Alguém aí lembra de quem é frase: "Ei pessoal, vocês descobriram onde eu estava hoje?". Por favor, alguém, responda que sim...

Por Elga Arantes, 2010.


7 comentários:

Daniel Savio disse...

Bem, é uma melda os efeitos que os passar dos anos imprime em nosso corpo, pior de tudo, ou aceita o efeito do ano, sai por ai que nem um doido para se manter em forma...

Bem, sobre charge, faz tempo que uma geração inteira jogou pacman no Atari, sendo que realmente perdemos aquele espirito lúdico em meio a tantos compromissos, penso que seja este espirito lúdico que morreu em nós que o pacman esteja falando.

Fique com Deus, menina Elga Arantes.
Um abraço.

Bel disse...

Adorável,

Dizer que tendo essa beleza toda tu não precisarias te preocupar pode parecer confete. Aliás ... o confete é da época do Lolo também, não é? Posso te dizer que o Imperioso tempo me deixa com uma década à mais .... pelo que percebo, e sendo assim, conheço esses desconfortos que acentuam nossa visão feminina de mundo e de nós mesmas. Mas há tanto... não é? E a vida vai nos levando ...e a gente vai se deixando e encontrando outros seres ... em nós.
Saudade de te ler, querida.
Quanto aos ataris, nunca vi isso de perto. Eu era do Voleibol... rata de quadra.
Escreves tão bem ... tu sempre me fazes tão bem!
Muitos beijos,
Bel.

Elga Arantes disse...

É, Daniel, eu tava precisando sair igual doida, malhando... rs

Não, Kawanami, não é da Zelda... é do Geninho, o personagem de rabinho colorido que aparecia no final dos desenhos de She-ra!! Ele ficava escondinho durante o desenho, tipo Wally, sabe?

Bel, vc tem mesmo cara de jogadora de volei!

Um beijo!

Thaís Gomes disse...

Amiga!!!! Lembro do Lolo, do Geninho e amei o Pump up the Jam!!!

Só discordo de que uma coisa compensa a outra...pq não há o que se compensar.....a gente arrasa!!!

Beijooooo

sandro caldas disse...

Humm, então Balzac estava certo? Meu texto no blog acertou em cheio quando fala de você?
Grande beijo!

sblogonoff café disse...

Vc ainda falou de Pac man e Atari!!!!rsrsrs E o pior, lembro nitidamente de tudo. E lembro até da música: Lolo, o chocolate fofinho da Nestle, trocou de roupa pra agradar você. Agora a
embalagem dele é mais bonita, mais moderna e sensacional. Por isso o nome dele também vai mudar. O nome internacional é Milkbar!! Parece até nome de leite judeu!! Anéim...
POis é, o tempo acontece... E a gente acontece. È tudo uma ditadura. E ai, aquelas meninas de 20 que querem conquistar o mundo...
PErnas simpaticas?hahhahaha!!


ando

Karen disse...

Coração,
engraçado essa fase dos trinta, na verdade nosso caso já estamos nos 30 e pouquinhos (adoro esse "inhos" no final).
Eu, já assumi essas árduas constatações sobre o corpo, me esforçando ao máximo para parecer pelo menos uma grávida de 3 meses...hahaha

Fiquei feliz com a novidade, parabéns! E como está a Mel?

Sabe, estou esperando até hoje aquele e-mail, talvez a história nem seja mais a mesma.

Muitas, muitas saudades.
bjos da sua Flor ;)