terça-feira, 26 de maio de 2009

Et cetera (reticentes) e et alii (hesitantes)


Há alguns dias, tenho tido vontade de escrever, aqui. Hoje, acordei com uma vontade enorme de falar, mas não de escrever, nem de pensar - ou de articular pensamentos. E como os assuntos que vieram a minha cabeça exigem um mínimo de raciocínio para não correr o risco de ""falar pelos cotovelos", resolvi deixá-los em stand by. É que hoje estou mole de dor de garganta. É que minha garganta estranha quando não te vejo... Não, não! Esqueçam essa parte. Segunda particularidade do dia: prometi que não editaria este texto. A não ser pelos erros ortográficos, de pontuação ou de concordância. E, claro, não todos. Sempre deixo passar alguns e, às vezes, gritantes. E, ainda, não na nova regra ortográfica. Preguiça...

Resolvi, então, nesses exatos últimos segundos, falar de deserto. De um deserto inventado. Não! Dos restos de uma festa. De aniversário de criança. Dos restos dela. Das forminhas de doces amassadas e deformadas no chão; dos copos descartáveis de plástico vazios ou semi vazios (ou quase cheios) espalhados pela sala; da metade do bolo colorido no centro da mesa, acompanhado pela espátula suja de glacê; dos móveis fora do lugar; dos balões coloridos, quase todos murchos, nas paredes. Vou, também, contar como desejei, quando criança, por meses, talvez mais de ano, ganhar aquele brinquedo iluminado que parecia um disco voador. O Gênius! Da Estrela! E tentar descrever as sensações de desapego pelo mesmo com o passar dos dias. Mais um brinquedo encostado na prateleira do quarto. Como o fascínio durou pouco! Posso falar do silêncio de um galpão onde, outrora, funcionava ruidosa gráfica e suas máquinas enormes que cuspiam, sem dificuldade, vários textos, diariamente. Cartas, entrevistas, poemas, prosas, ficções, fábulas e até testamentos e confissões.

Como podem ser efêmeros os desejos, os sentimentos, as excitações, as motivações!

Por outro lado, do avesso; em outra página, nas costas desta, poderia falar de outras coisas. Menos efêmeras. Algumas, desnecessariamente efêmeras, outras, providencialmente. Mas prefiro deixar, assim, oculto pela falta de vontade, simplesmente. Ou por uma oportuna falta de vontade, se preferirem. Dependendo do leitor ou da leitora, o texto é metafórico. Para outros, implicitamente curioso. Para outros tantos, estranho. Simples, assim. Normalmente estranho.

Mas para alguns personagens virtualmente intertextuais, é um leve beijo na bochecha, seguido de um sorriso amistoso. Quem sabe um convite para uma nova festa, quem sabe uma proposta de relembrar o jogo da memória que já foi tecnologia de ponta, quem sabe apenas o desejo tímido e disfarçado de falar do meu carinho enorme e, para alguns, sem noção, por meus “caracteres afetuosos”.

***

Em letras miúdas no fim do contrato:

Terceira particularidade do dia: Apesar de proibir a mim mesma edição neste texto, tenho permissão para apagar o post, futuramente, se assim desejar.

Por Elga Arantes, 2009.

7 comentários:

Bel disse...

... esses desertos infindos. Esses restos coloridos que deixam os rastros da festa tão esperada. Penso que quem participou dela deve ter se deliciado ... e ... se ficou até o fim da festa pode perceber que alí poderia ser um começo. Inversões de um tempo, talvez.
De toda forma, Adorável ... tudo que escreves vira texto ...editado ou não ... corrigido ou não ... metaforicamente construído ou planejadamente racionalizado ... Recados. Tudo é muito lindo. De onde vêm todos esses pensamentos e sentimentos eu não sei bem ... mas tudo por aqui me faz muito mais do que bem. Tu me alimentas ... sempre.
Beijos, Bel.

Sheyla disse...

Elga,
Não tenho o dom que a Bel, a Mi ou tantos outros têm em tecer comentários escritos de forma tão tocante. Talvez por preguiça, talvez por vontade de falar pessoalmente. Creio que nunca entenderei o virtual, rs... De qualquer modo, senti esse deserto e ele me apertou....
Ah, não tive o Gênius como não tive tantas outros briquedos da minha época.
Bjs.

sblogonoff café disse...

Faz anos que escrevi no primeiro sblogonoff sobre o "cemitério das festas". No caso,era o fim de uma festa de formatura! Imagina, um deserto cheio de miragens.
Existem tantas reticências dentro de um ponto final, não é mesmo?!

Menina, acho que nõ consigo publicar sem editar.
Mas minhas edições não são um filtro "brastemp" As veiz faia!

E você não acredita! Agora tem o Gênio Simon! Tem o Gênio simom Maluco, tem o Gênio Simon Clássico... Eu nunca consegui chegar até a última fase dele, mas se você vier aqui, pode tentar!
Vou comprar as pilhas!!hehe

Um abraço!

Elga Arantes disse...

Meninas, com os comentários de vocês, percebi que devo estar sendo metafórica demais... Ou acho que estou passando a impressão de que sempre que falo de coisas de foro íntimo (meu pai adora essa expressão) estou falando de coisas passionais. Sabe, às vezes, quero mesmo deixar as coisas meio nebulosas, pouco explícitas, mas noutras, a intenção é justamente o contrário, como neste caso. Falo, aqui, justamente de vcs, Mi, Bel, Sheyla, Pati, Poli... É que falei com a Patrícia nesses últimos dias e tive um sentimento diferente em relação a esse espaço. Saudades, nostalgia precoce, vergonha de parecer piegas, medo de estar sendo pedante. Bom, não sei nominar. Nem queria "filosofar" (os filosofos que não me odeiem (?) pela audácia)sobre issso. A única coisa que queria era falar que, naquele momento, estava sentindo a falta de vocs aqui.

***

Sheyla, também não sei fazer comentários
tocantes como os da Bel, ou tão brilhantes como os da Michele (bem que gostaria!), mas faço como sei. E adoro quando, do nada, aparece na minha caixa de entrada "Sheyla". E adoro as frases e comentários curtos e objetivos e, talvez por isso, tão cortantemente reflexivos.

A família Gênius deu cria? Não sabia!! Mas quero conhecer, porque adorava o Gênis. Tenho ele até hoje, lá em casa.

Lucas disse...

Brigado pela visita!
Fiquei feliz que gostou.

:)

sblogonoff café disse...

Menina...
Em algumas linhas, imaginei que fosse isso o que quis dizer, mas você foi muito clara dentro de um salõ escuro, entendeu!???
NEsse mundo jurídico, a gente vê brecha até onde não tem. Na verdade nós a procuramos, então, se as coisas forem direcionadas como um pizzaiolo jogando uma pizza pro ar, a gente corre o risco de sei lá, deixar a pizza cair, né?! Aí ninguém come! A não ser quem não viu!hehe
De qualquer forma,acho que você deve publicar um livro, porque sou muito fã do seu jeito de escrever, mesmo que o título seja: "Tudo o que não falei nas entrelinhas inexistentes"!
Enfim, vem aí mais festas sim!
Aguarde no acostamento!
Sopro de Eves!

P.S: De onde foi que vocês tiraram que meus comentários são isso ou aquilo?! Às vezes nem eu acredito que tive coragem de publicá-los! Mas, não apago meus rastros, talvez penas os mais hediondos!!hehe

Karen disse...

Eu sinto falta diariamente de vocês, de visitá-las, de lê-las....
mas aindo assim, meio, distante do mundo virtual, sinto muitas coisas mas não sei mais como escrevê-las.
Nunca edito um texto, pq se eu editar, não posto! Fora a preguiça...
Mas, como disse a Mi, sempre existem reticências após um ponto final. As vezes isso me assuta, pois detesto coisas, situações e sentimentos indefindos, entretanto, vivemos isso diarimante.
Desculpe minha ausência, mas saiba que amo vcs todas, minhas amigas mais que especiais.
Não esqueçam de mim.
Ainda te espero heim?
beijos