“Eu nunca deixei de te amar”.
Aquele sentimento só parecia não ser maior que a falta de coragem em falar-lhe olhando nos olhos. Agüentar as conseqüências, o medo da reação dele àquela atitude mais ousada parecia demais. Uma ação que paralisaria pelo próprio movimento. Optou pela vantagem da dúvida e a esperança do talvez. Deixou, então, a confissão em um bilhete ao lado dele, na cama de casal daquele lugar desprovido de pessoalidade, e partiu.
Ao despertar e ler tais palavras, o homem sentiu suas pernas fracas e bambas, mas não sentiu a culpa que antevia em simulações de situações como aquela vivida naquele momento. Caíra em si; estava convencido, finalmente. Ele ainda a amava também.
Alguma coisa naquele final de noite se quebrara, e isso era estranhamente bom. E ele trataria de juntar os cacos e enrolá-los em jornal, antes de jogar no lixo, para que não ferisse mais ninguém. O vitral de dúvidas sobre o que ainda o prendia aquela mulher havia se espedaçado. O incomum era que o frágil cristal de suas vaidades permanecia intacto. Ele gostava de ser admirado, desejado e disputado explicitamente. O fascínio pelas conquistas carnais e breves prazeres fortuitos ainda o escravizava, sobremaneira. O gosto pelo novo adoçava seus sentidos, ainda, deliciosamente. Era humano, desculpou-se consigo mesmo.
E foi assim que vacilou. Preferiu, outra vez, brindar com o silêncio mais um momento lindo que passara ao lado dela. Seja no curto bilhete ou nas longas reflexões, a ausência das vozes gritavam ensurdecedoramente, no coração daqueles dois.
Por Elga Arantes, 2009.
Aquele sentimento só parecia não ser maior que a falta de coragem em falar-lhe olhando nos olhos. Agüentar as conseqüências, o medo da reação dele àquela atitude mais ousada parecia demais. Uma ação que paralisaria pelo próprio movimento. Optou pela vantagem da dúvida e a esperança do talvez. Deixou, então, a confissão em um bilhete ao lado dele, na cama de casal daquele lugar desprovido de pessoalidade, e partiu.
Ao despertar e ler tais palavras, o homem sentiu suas pernas fracas e bambas, mas não sentiu a culpa que antevia em simulações de situações como aquela vivida naquele momento. Caíra em si; estava convencido, finalmente. Ele ainda a amava também.
Alguma coisa naquele final de noite se quebrara, e isso era estranhamente bom. E ele trataria de juntar os cacos e enrolá-los em jornal, antes de jogar no lixo, para que não ferisse mais ninguém. O vitral de dúvidas sobre o que ainda o prendia aquela mulher havia se espedaçado. O incomum era que o frágil cristal de suas vaidades permanecia intacto. Ele gostava de ser admirado, desejado e disputado explicitamente. O fascínio pelas conquistas carnais e breves prazeres fortuitos ainda o escravizava, sobremaneira. O gosto pelo novo adoçava seus sentidos, ainda, deliciosamente. Era humano, desculpou-se consigo mesmo.
E foi assim que vacilou. Preferiu, outra vez, brindar com o silêncio mais um momento lindo que passara ao lado dela. Seja no curto bilhete ou nas longas reflexões, a ausência das vozes gritavam ensurdecedoramente, no coração daqueles dois.
Por Elga Arantes, 2009.
5 comentários:
Adorável Elga,
Aiiii... que aperto no coração!
"Optou pela vantagem da dúvida e a esperança do talvez." Lindo isso! Mas um tanto sofrido também.
Esse estado de alma ... da espera esperançosa nem sempre é um estado confortável. Penso que seja ao contrário ... toda espera é desconfortável. Quando nos colocamos entre parênteses fica difícil sair de lá. Mas tente, Elga ... tente sair.
Torço pra isso!
Um carinhoso beijo,
Sininho
Começo a ler acreditando ser real e termino tendo certeza que é uma premonição.
Bel,
Não consigo me mover!
Consegues, sim! Mesmo que o movimento seja imperceptível para todos...vá do pequeno que chegarás ao movimento todo.
Vai querida... vá!
Minha torcida e meu carinho sinceros.
Um beijo,
Bel
... tem sempre uma tecla "backspace" pra tirar os parênteses...
E pode ser que seu full scren funcione melhor.
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