quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

E as suas, quais são?


Já repetiu uma mesma palavra qualquer incontáveis vezes até que ela pareça esdrúxula, estranha a seus ouvidos ou perca o sentido aprendido, desde sempre? O melhor é fazer isso com o próprio nome e depois correr para frente do espelho e fixar no semblante. Sentimento de estranhamento e um quase pavor. Objetivo? Ter a certeza de que tudo pode mudar, mesmo que por alguns segundos. Resultado: saber que não se é normal. Efeito: filosofar sobre o que seja a normalidade.

Algumas palavras me remetem a outras. Para ser bem mais pontual, alguns vocábulos – mas não seus significados – me remetem a outros. Sendo que estes últimos, por sua vez, não são pensados meramente por sua grafia, mas pela idéia que elas representam. Freqüentemente, são duas as outras palavras. E uma delas sempre tem relação com comida. Por exemplo, quando penso favela, também penso no deserto do Saara e em farinha de milho (de mandioca, não!). Se articulo a palavra amor, penso em uma bexiga cheia de água e em framboesa. Já a palavra deleite, imediatamente me faz pensar em sexo e em leite condensado (já me disseram, “Providencial, essa relação hein?!”). É... pensando bem, as duas tem relação com comer! Objetivo: nenhum. Resultado: querer me entender. Efeito: mais uma noite de insônia.

Gosto de escovar a língua até sentir ânsia de vômito. Mas gosto de fazer isso antes de ir dormir, ao acordar, não. Resultado: aprendi a hora de parar antes de me viciar em qualquer coisa. Efeito: sentir que sou a anormal mais refrescante do dia. Ops, da noite!

Também tenho mania de arrancar todos os selinhos adesivos prateados dos isqueiros alheios; mania de me ninar para dormir; mania de cremes hidratantes; mania de ouvir a mesma música dez vezes seguida e não esperar ela chegar até o último acorde para repeti-la; mania de balançar as pernas inquietamente em qualquer lugar que esteja e a qualquer hora do dia ou da noite; mania de samba; mania de atrasar para fazer tudo (Não, eu não me orgulho disso. É apenas um comentário); mania de comer uma fatia de queijo com um copo de água gelada acompanhando, quando chego em casa de madrugada; mania de comer pão com doce de leite (Mentira, isso, não.); mania de querer acabar com minhas manias.

Objetivo desse post: confessar. Resultado do exercício feito aqui: um meio alívio e um medo do caminho que farão essas letras, desde a minha intenção até a sua interpretação. Efeito: vontade de comer queijo e beber um copo de água gelada - mas pão com doce de leite, não. Arghhhhh!!!!!!!

Por Elga Arantes, 2009


 Mart'nália - Essa Mania (rest la maloya)

10 comentários:

sblogonoff café disse...

Não há melhor post pra esse comentário: Cê é estranha , Márcia!!!!

sblogonoff café disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
sblogonoff café disse...

Eu tô brincando, mas é sério!
Não sei que caminho você tomou ao relacionar framboesa e bexiga cheia d`àgua ao amor, mas enfim, todo mundo tem suas manias.
Me senti até normal ao ler as suas!!
Confissões assim, podem ser terapêuticas para terceiros.
A minha mãe me acordava tocando violão na vassoura, cantando "Presidente Bossa NOva" do Juca Chaves. Isso me traumatizou. Fiquei com umas manias estranhas que fariam seu ato de escovar a língua parecer hábito comum!!!Rsrs. Tô falando sério!!
Mas cá entre nós, o lance do leite condensado é "mara"!!!!!

O mundo é pra ser devorado.
COnfessar é quase uma antropofagia.
Estamos num banquete e quem for bovino que rumine!
Comer é um verbo universal.
Vamos digerir as grandezas e os miúdos.
A´miúde, alguma resposta filosófica para a fome de objetivos!!!

Sopro de Eves

sblogonoff café disse...

deletei o comentário pra corrigir o erro e ele veio atrás...

amiúde

Bel disse...

Cada confissão tua ampliou meu riso! Embalada por essa música preciosa que disponibilizastes, que me apresentastes ... senti um aperto no peito ... daqueles que só acontecem quando se está emocionada ... profundamente emocionada!
As associações confessadas nessa tela preta revelaram, confirmaram a tua ... singularidade, minha querida!
Ainda na torcida ... pra que tudo sempre venha em forma de poesia, desde a alegria.
Um beijo,
Sininho

Anônimo disse...

Não vou , hoje, procurar as palavras para expressar meus sentimentos..

Também não gostei de usar este meio para tal fim, mas eu tinha que tentar.. usar o que fosse possível...

Não pude ser tão autentico quanto gostaria , temi que de outra forma a comprometeria..

Não entendo como você pode se comportar de forma tão insensível.


então...

vamos com a maré..

Elga Arantes disse...

É verdade, Estrela, essa é a melhor expressão para um "post para esse comentário", ou seria um comentário para esse post? rsrsrs. Cê tb é estranha, Márcia!!!

Ah, mas vou querer saber demais que manias seriam tão estranhas para colocar as minhas no chinelo. Se bem que não duvido...

***

Bel, eu sempre penso nessas coisas e nunca me entendo. Sempre queria falar dessas concatenações loucas e nunca fazia, por que achava não fazer sentido. E não fazem mesmo. Mas é tão estranho que fica quase interessante. Aposto que todo mundo tem esses pensamentos loucos-abstratos e às vezes nunca parou para pensar sobre eles (conscientemente falando, rs)

***

"Vc sabe quem...", vc quase me fez sentir culpa por eu não saber de quem se trata e ser justamente essa minha maior falta de sensibilidade. Mas não posso fazer força, nem queimar massa cinzenta para resolver algo que incomoda vc. Se quer fazer assim, respeito. É que é diferente da maneira que costumo me relacionar com as pessoas. Meio que jogo de esconde-esconde e, disso, eu brincava até a adolescência. Mas já faz tempo, não lembro mais as regras, desculpe-me.

sblogonoff café disse...

Rsrs!!
Não, minhas manias não colocariam as suas no chinelo não!Mas nenhuma mania é normal, né?! Será que todo mundo que tem mania é maníaco?
Eu ando pelas ruas e sempre que tô só, fico imaginando que sou personagem de uma novela imaginária. Vou confessar um troço escatológico: até no banheiro eu represeto algum papel. Quando faço força, é como se tivesse que aguentarum dor forte e até choro de emoção. É que as veias do pescoço às vezes inflam, sei lá...
Também mordo o dedo mindinho, mas acho que tem a ver com a fase oral mal desenvolvida.
Nunca consigo comer um biscoito recheado sem raspar a melequinha antes.
Não suporto chinelo virado pra cima.
Mordo a língua quando teclo.
Faço mil desenhos estranhos quando estou falando com alguém no telefone. Tenho documentos importantes cheios de códigos malucos, que desenhei sem querer quando estava no telefone...

De perto, ninguém é normal e de perto, dá pra ver os cravinhos do rosto...

Ruleandson do Carmo disse...

Eu tenho mania de tentar provar que não tenho manias, eu morro de medo das minhas, me faz sentir muito humano e sem controle de mim.

Anônimo disse...

Você:

"Essa firmeza nos teus gestos delicados
Essa certeza desse olhar lacrimejado
Haja virtude, haja fé, haja saúde
Pra te manter tão decidida assim

Que segurança pra dobrar tanta arrogância
Que petulância de ainda crer numa esperança
Quem é o guia que ilumina os teus dias?
E que te faz tão meiga e forte assim

Coragem, coragem, coragem, mulher
Coragem, coragem, coragem, mulher

Como te atreves a mostrar tanta decência?
De onde vem tanta ternura e paciência?
Qual teu segredo, teu mistério, teu bruxedo
pra te manter em pé até o fim?

Coragem, coragem, coragem, mulher
Coragem, coragem, coragem, mulher

Como te atreves a mostrar tanta decência?
De onde vem tanta ternura e paciência?
Qual teu segredo, teu mistério, teu bruxedo
pra te manter em pé até o fim?"