quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Remissão e Castigo (a ordem dos fatores altera o resultado)

Sempre que brincava de “um homem prá chamar de seu”, os pensamentos dela se desvairavam, e suas idéias inexatas fluíam até chegarem a um estado de suspensão. Levitavam. E assim, sem saírem do lugar, acompanhavam a rítmica corporal daquele instante, indescritivelmente solitário e lancinante.

Fora criada para sentir culpa pela prática infame e profana, mas o que a inquietava o espírito era sua imaginação que, por vezes, parecia ir contra os objetivos tão bem traçados para os próximos passos de sua jornada. De imediato, ela se enchia de uma coragem irreverente e, logo depois, desfrutava de um estranhamento de si mesma.

Depois de um tempo que ela não pode mensurar, sentiu sua bexiga cheia e, quando chegou ao banheiro, supôs que fora apenas uma sensação. Voltou para o vício insistente. Mais algum tempo transcorrido – e agora, ela podia se arriscar a julgar terem sido alguns minutos que não completavam uma hora – e, provando não ter sido apenas uma impressão, esvaziou sua bexiga, sofregamente.

Quando, na cama, esperou que sua pulsação se abrandasse e que seu coração não mais lhe passasse a impressão de marteladas no ouvido. Assim, pode se virar de lado e sorrir saciada, se ajeitando para uma noite de descanso recompensadora. Foi quando pode ouvir a respiração prolongada e cadenciada dele. Já havia se esquecido que dividia com ele, seu leito. Nem por isso, demorou a se lembrar que foi o egoísmo dele que a fizera ser "um homem pré chamar de seu", naquela noite.

Virou-se para o outro lado, abraçou-se ao travesseiro e dormiu.

Por Elga Arantes, 2008.


 Marina Lima - Mesmo que seja eu

11 comentários:

Elga Arantes disse...

Cherles,

Psiiiiuuuuu!!!!!!

sblogonoff café disse...

Uai,Márcia...
Então tá, né?! Sei que você fez os seus castelos, mas o dragão pode até ser inofensivo, dependendo da intensidade. E estômago de dragão sofre!!!

É sempre bom ter um travesseiro grande para abraçar por qualquer razão.

sblogonoff café disse...

Remissão e Castigo, masi um post de Jane Austen!!!

Anônimo disse...

...

Elga Arantes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Elga Arantes disse...

Nossa, Michele, a gente deve mesmo ter alguma ligação meio "Márcia".

Ontem, falava com um amigo sobre o filme "Orgulho e preconceito". Sobre sua beleza estética, inclusive. Você já viu? Bom DEMAIS!!

Sobre o post, pensei muito antes de publicá-lo. "Receio bem que a agradibilidade de uma ocupação nem sempre revele a sua propriedade."
Enfim, não resisto. Gosto de testar as pessoas.(meu ex marido me odeia, por isso).

Se eu chegar, algum dia, ao dedo mindinho de Jane Austen... nem sei!! Rs!

Bel disse...

A solidão dilacerante pôde encaminhá-la a um estado de encontro com suas fanatasias e seus mundos "profanos"? Responsabilizando-o pode se libertar para o encontro íntimo consigo. A companhia do travesseiro parece ter-lhe caído bem ....
Um beijo, Bel.

Elga Arantes disse...

Tens razão, Sininho!
Não é preciso responsabilizar ninguém...
É melhor se acreditar numa libertação completamente autônoma.
Beijos.

sblogonoff café disse...

Já vi sim! Já desejei e já odiei o Sr. Darcy!Rsrsrs

Só descobri depois que o filme possuía dois finais. O outro estava oculto depois dos créditos e revelava o beijo!!
Esses ingleses...

Anônimo disse...

QUE COISA, NÃO? COMO DIRIA O KIKO, DO CHAVES.

NEM SEI O QUE FALAR.

VOCÊ SEMPRE ME ASSUSTA DE UM JEITO OU DE OUTRO.

E O SARAU DA SUA AMIGA? VAI TER MAIS NÃO?

BEIJOS, LINDA!

Karen disse...

Hmmmmmmm....
faço muito gosto..hehehe

:D

KD MEU EMAIL?? rssss
sei que estou sumida, mas eu leio os emails! rsss

bj