segunda-feira, 27 de outubro de 2008

"Indicativo perfeito do pretérito presente" dos tempos verbais que não se conjugam mais.


- Você acha que nossa história tem trilha sonora?

- Claro que sim. Toda história de amor teve uma.


- Você se lembra qual é a nossa?

- Acho que foi aquela da Marisa Monte.

- Acha que foi!?

- Acho também que hoje cada um tem sua trilha para aquele momento que sobem os créditos, quando acaba um filme, sabe?

- É verdade... Eu escolheria aquela do Nando Reis, “Por Onde Andei”. E você?

- Esta, aqui:

"Olha só, que cara estranho que chegou
Parece não achar lugar
No corpo em que Deus lhe encarnou
Tropeça a cada quarteirão
Não mede a força que já tem
Exibe à frente o coração
Que não divide com ninguém

Tem tudo sempre às suas mãos
Mas leva a cruz um pouco além
Talhando feito um artesão
A imagem de um rapaz de bem

Olha ali quem tá pedindo aprovação
Não sabe nem pra onde ir
Se alguém não aponta a direção
Periga nunca se encontrar
Será que ele vai perceber

Que foge sempre do lugar
Deixando o ódio se esconder
Talvez se nunca mais tentar
Viver o cara da TV
Que vence a briga sem suar

E ganha aplausos sem querer

Faz parte desse jogo
Dizer ao mundo todo
Que só conhece o seu quinhão ruim
É simples desse jeito
Quando se encolhe o peito
E finge não haver competição
É a solução de quem não quer
Perder aquilo que já tem
E fecha a mão pro que há de vir
"



Quando a música já havia parado de tocar, ele também tinha parado de fazer perguntas. Só não conseguiu parar de chorar. E ela, pediu que ele parasse o carro, fingindo não perceber que chovia lá fora e que, dentro do carro, a chuva já se tornara tempestade.

Isto, era "presente mais-que- perfeito do indicativo de nada". Aquilo, era "o particípio do passado".

Por Elga Arantes, 2008.

9 comentários:

Bel disse...

Ai! Doeu em mim ... porque todo desapego provoca, antes do alívio, uma espécie de dor!
Ai! Ainda tá doendo por aqui porque a imagem e a cena das chuvas (dentro e fora) são tão reais e vivas por aqui.
Um beijo, pra ela. Um outro pra ele também.
Bel.

sblogonoff café disse...

E foi letal, tá?!
Tal fatal quanto o tempo.
Você enfatizou ali os verbos conjugados em tempos diferentes e a música foi a cereja cruel do bolo.
Eu, que me sinto o "cara estranho" às vezes, vou até repensar as coisas.
Jà me bastou pela semana ouvir A seta e o alvo!!

Bjs

DJ disse...

"O tempo andou mexendo com a gente sim, João"!
E o tempo verbal muda mto as coisas! desculpe a invasão, mas por mim valeu a pena. Boas as palaras! A gente fica assim, meio sem saber que term(n)o usar! Mas cabe ao tempo(!) decisidir!
Beijos.
Sucesso.

Rodrigo Alves de Carvalho disse...

Saudações,

Fico felíz com sua presença em meu blog. Muito obrigado pelos comentários.

Um grande abraço!

Dido Carvalho

Bel disse...

Elga, jóia rara.
Tenho tanto pra te dizer...disse lá na minha janelinha algumas das coisas muitas. Mas... espero que a minha gratidão cole em ti em forma de um carinhoso beijo. Se puderes, leia lá, tá? Ahhhh... tomei a liberdade de incluir alguns dos teus sábios entendimentos no meu texto primeiro. Espero que não te incomodes.
És pedra preciosa...sempre soube.
Bel.

DJ disse...

Olá, agora é visita, não mais invasão!
Tb gosto de fazer contatos nesse mundo virtual! Gostei das suas palavras! E isso me agrada!
Sobre sua pergunta... DJ foi acaso, citava muitas músicas no meu blog anterior, acabei adotando o codi-nome... mas tb me chamam Vampira (tenho o péssimo habito de sugar tudo que fica livre no ar!)...
Já chamaram Anjo, Bruxa, alguns Lagartixa, Formiguinha... Chame do que quiser... Sei que vou gostar, mas o nome é Joanna.
Um imenso prazer!
Bem vinda tb à minha casa!

Namastê!

Anônimo disse...

A profunidade da letra da música me atingiu desde a primeira vez que escutei.

Bj

Karen disse...

Incrivel como as semelhanças na época de diversos acontecimentos ocorrem com a gente, coração!
Musica perfeita, para seres distates! Eu com certeza não conseguiria escolher melhor.

Me inspirou um outro diálogo...

bjs

Ela disse...

Adorei o texto! nem quero comentar! hehe muito bom!
Meu pai ta aqui ainda, graças a Deus bem perto de mim hehe
Minha irmã, a da foto, é minha gêmea acredita? Ela agora está morando em Salvador, fazendo um trabalho social em uma periferia! Já vai fazer um ano. Mas volta em janeiro!
Saudades daquela época, daquela idade, das idas ao sítio, saudades de mim ainda criança hehehe

beijos