terça-feira, 9 de setembro de 2008

aS mUiTaS fACeS Do MáGiCo De BlOZg


Naquela noite, um ciclone arrancou do chão sua casa, sua família, suas esperanças, sua alegria mandando tudo pelos ares. Na hora, só pensou mesmo em agarrar forte sua abelhinha que, para ela, era a coisa mais importante no mundo. Apesar das ventanias dos dias anteriores terem se configurado como um prenúncio de uma tempestade arrasadora, ela não estava preparada para uma. Não tinha no meio da sala um alçapão em que pudesse entrar para se proteger.

Quando conseguiu sair do olho do furacão, Dorotéia sentiu como se tivesse acordado de um pesadelo. Parecia estar em outro plano. Então, passado um tempo, despertou e resolveu que queria voltar. Voltar ao lar, a si. Ter de volta sua confiança, independência, equilíbrio. Queria retornar! Desde que abriu os olhos, era esse o destino de sua nova caminhada.

Alguém sugeriu seguir o caminho das teclas amarelas do Reino dos BlOZg. Assentiu. Procuraria o feiticeiro que lhe trouxesse a solução para seus intentos.

Caminhava já mais animadoramente quando em um dos vilarejos por onde passou, deparou-se com uma bonequinha que falava. Em BlOZg, tudo era mesmo diferente, meio mágico, nada convencional. No princípio, teve receio de se aproximar daquela boneca, mas quando de um mínimo sinal de identificação, resolveram mutuamente se conhecer e seguirem juntas, pelo menos enquanto estivessem trilhando por aquelas bandas.

Às vezes, nas noites sem lua, escurecia demais e ficava difícil continuar no percurso. Então, em uma dessas noites, a bonequinha reparou no céu uma estrela mais cintilante que as outras e solicitou que ela lhes cedesse um pouco de sua luz. Assim, a estrela desceu do firmamento para clarear os caminhos e se juntar a elas naquela aventura.

Agora já eram três. Passaram, então, por um jardim e repararam em uma flor diferente das demais. Era linda, mas lhe faltava uma pétala, por isso, chorava. Dorotéia a convidou a seguir com elas. Desenraizar, sair do lugar. Ela aceitou, prontamente. Estava exausta de chorar. Além disso, tinha medo que suas lágrimas encharcassem suas raízes, e fazendo apodrecê-las, ao caírem no solo, não pudesse mais andar.

A essa altura aquelas quatro já sabiam que não existia feiticeiro que pudesse realizar seus desejos, sanar suas angústias e desfazer as dúvidas que atormentavam a todas. Apesar disso, continuavam pelo caminho das teclas amarelas descobrindo em cada uma delas, e umas nas outras, um mágico de BlOZg que lhes oferecia conforto, sorriso e muitas palavras afetuosas. Isso fazia com que se sentissem melhor em dias difíceis e dividissem as alegrias dos momentos mais felizes. Acreditavam, ainda, em algo maior que lhes assistia naquela jornada, proporcionando-lhes força e perseverança. Uma energia, uma criatura, um Deus. Acima de qualquer coisa, o que as unia eram as inquietudes, os questionamentos, a recusa em se resignarem perante as dificuldades e aos sentimentos obscuros.

Diferentes da história original, as companheiras de Dorotéia não tinham os mesmos desejos do espantalho, do homem de lata ou do leão. Elas tinham, sim, coração e parecia ser enorme. Cérebro, com certeza, não lhes faltava, pois sem ele não poderiam explanar idéias e descrever sentimentos de forma tão singular e encantadora. Mesmo porque, só quem tem muita coragem se mostra de forma tão transparente a quem mal acabou de conhecer. Portanto, definitivamente, não tinham também identificação com o leão covarde.

Já com a menina Dorothy, pelo menos em uma coisa pareciam se assemelhar: cada uma delas procurava seu “Kansas” particular.

Por Elga Arantes, 2008.

13 comentários:

Bel disse...

Torço pra que esse Mágico exista em Blozg. Vi que ele foi uma das motivações que promoveu o encontro das 4. Torço também pra que a rede se amplie ... à seu tempo ... se assim for.
Torço pra que Dorothy saiba que é uma peça encantada nesse Reino. Que com ela, o passeio fica muito mais afetuoso (que o diga suas 3 fiéis companheiras). Torço pra que ela saiba que chega a ser uma princesa, na maioria das vezes, tamanha sua coragem em se posicionar tão verdadeiramente, tão urgentemente, tão lindamente. Torço, ainda, para que o contato com seu(s) kansa(s) seja mais leve do que se imaginou porque, quando, compartilhado, o mundo fica muito mais bonito.
Um beijo,
Bel.

Patrícia Ferraz disse...

E, a Bonequinha, muito sensível, teve os pelinhos dos braços finos arrepiados pelo soar delicado da música e, principalmente, pelas letras brancas que leu naquela tela escura, inesperadamente. Imaginou que algumas dúvidas que tivera sobre a intencionalidade daquela relação já poderiam ser dissipadas, especialmente se não se falasse mais em espantalhos, homens da lata ou leões covardes. Desejava aceitar as várias demonstrações de afeto sem receios. Porque pecebeu em Dorotéia imenso CORAÇÃO, capaz de transportar estrela(s), flor(es) e bonequinha(s) para o reino encantado da Presença, que não é perfeito, mas torna eficaz a busca pelo Kansas particular.

Fernanda Matos disse...

Eu acho que a realidade mesmo é esse mundo de Blozg.
Um mundo assim que é verdadeiro...
Bonecas
Corações
Estrelas
Flores
amores e dores,
alegrias e abraços,
perdas e desespero
E pra aguentar tudo isso...
AMIGOS, música e palavras juntadas.
O outro mundo, esse em que vivemos, é que é falso,ilusório...
Nesse as pessoas, trocam coração por solidão...
Isso sim é fantasioso!
Traem as estrelas com luzes artificiais
Não brincam mais com as bonecas
E nem entendem o significado e representatividade das flores.

Beijo nas quatro corajosas e verdadeiras mulheres.

Karen disse...

Ai...ai, ai, ai....
o que dizer não? Acho que não tenho palavras Elguinha....
Ainda bem que esse mundo sem limite nos permite encontrar pessoas tão incríveis como vcs 3....que acabam se tornando reais, não é coração???

depois vou copiar este seu post (daqui uns dias!!) com os devidos credito, claro. Ta lindo demais e deve ser espalhado! rssss

bjs

Bel disse...

Elga querida,
O fênomeno que acontece por aqui é o mesmo que relatastes. Adoraria te conhecer e comprovar minhas (incansáveis) teorias. Aquela ... que se deixa levar pelo primeiro olhar, pela empatia encantadora que se dá...lá no início de tudo.O que senti e sinto contigo vêm de lá... do mundo das primeiras impressões. Eu sempre confio no meu olhar.
Quem sabe, Elga, nossas idéias pueris possam ser diálogo, em breve. No seu tempo ... no devido tempo. Eu adoraria confirmar meu olhar sobre ti, sobre tua inteligência voraz, sobre teus sentimentos vulcânicos, sobre tua beleza mobilizadora.
Verei, veremos.
Um grande beijo,
Bel.

Sheyla disse...

Elga,
Lindeza de sentimentos!
Até pensei em falar sobre o possível sentimento de serem as 4, etc.
Mas vou ficar quietinha, rs...
Falaria bobagens diante de tantas palavras que merecem minhas palmas!
É grandioso acompanhar vcs e, principalmente, porque sempre achei esquisito a "competição" que existe entre as mulheres. Então, quando vejo vcs, digo BRAVO!
Bjs.

Patrícia Ferraz disse...

Inês, homem da lata, leão, espantalho... morte fazendo aniversário. Pronto!

Nina disse...

Oi! Achei seu contato no blog da Cris. Quero te convidar a conhecer o meu
www.bazardaninarosa.blogspot.com

taderbal disse...

EU já acreditei num mundo assim...
Danielle

sblogonoff café disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
sblogonoff café disse...

Uai?
Eu já comentei esse post e cadê ele?
Anéim...
Moça, acho que eu disse que (não era necessariamente assim!) que não somos o Homem de Lata, mas encontramos o Coração!
Estou observando um tanto deslumbrada o decorrer de nossas vidas, de nossos posts e das semelhanças que permeiam os textos e sentimentos e vejo como o falso acaso virtual é belo!
Já consigo ver coisas e fatos na rua e lembrar de vocês, de algo que escreveram ou sentiram!
Acho legal.
Ainda sou a única que não conhece ninguém pessoalmente, no entanto, acho isso um detalhe hoje. Vocês conhecem partes de minha alma que não exponho assim, em plena luz do dia!!
E o meu espanto não pára.
Comecei (faz umas duas semanas) uma canção chamada caleidoscópio, inspirada em um comentário de alguém no blog da Karen e agora chego lá e Pá!
Eu juro, gente, que quando falo das coincidências, é que são muitas.
Não sei, talvez sejamos velhas conhecidas, talvez não, mas a mágica, é o próprio encontro.
Vocês são um fruto doce dessa vida de blog!
E hoje, são alguns dos principais motivos de minhas andadas por Oz ou Neverland!
E eu gosto muito disso!

Sopro de Eves!

Elga Arantes disse...

Danielle,

Também já acreditei em várias coisas e depois desacreditei. Em algumas dessas, voltei a acreditar, em outras nunca mais.

O importante, é que com o tempo, vamos decobrindo que podemos escolher no que acreditar. E eu, hoje, acredito no que me faz bem.

Esse mundo me faz bem. Assim, nesse momento, hoje ou para sempre, ele é/será real.

Esse movimento, é mais conhecido como Vida.

Felicidades e força para você, Danielle.

Michele,

Penso assim, como você, que as coinscidências são muitas e que, quem sabe (apenas quem sabe), esse encontro tenha sido providencial.

Já não me importo quando alguém diz que entrou no meu blog e leu os nossos comentários e observa: "Que coisa mais adolescente! Vocês nunca, se quer, viram-se...". Aprendi a respeitar os pontos de vista, as experiências e as limitações das pessoas - não de forma plana, ainda, mas, venho tentando.

Também já trago vocês para meu dia a dia na preocupação, quando da ausência de alguém aqui; quando lembro que preciso voltar a frequentar uma casa espírita; quando ouço um forró; vejo alguma mulher bem tatuada; ou passo na porta do bar 'Avalon', rs.

E isso, realmente é muito bom, porque foi espontâneo.E, ainda, é de graça.

Beijos.

Karen disse...

É verdade, nos tornamos amigas espontaneamente...de alguma forma somos parecidas mesmo com tantas diferenças.
Sabe, pode até parecer coisa adelescente aos olhos dos outros, mas que importância tem se nos vimos ou não pessoalmente? Não é pq nossas conversas snao virtuais que o conteúdo delas tb seja. Se for assim, somos adolescentes (ai, será que rejuvenesço?!) com problemas de mulher e amizade de velhinhas!

bjs