sexta-feira, 1 de agosto de 2008

V O T E

Hoje acordei com muita vontade de escrever. Ou melhor, de ler. Na verdade os dois. Na mais pura verdade, de pensar.

Então, no trajeto de casa até a Federal, tomei a decisão de retomar meus estudos, minhas leituras mais técnicas e controlar minha vontade de ficar tanto tempo no blog. Vi dia desses em um programa da Rede Minas, “Sem Censura”, que um dos sintomas da compulsão é se dedicar pelo menos três horas diárias em determinada atividade. Confesso, fiquei apreensiva. Estou quase lá! Assim, estava resolvida quanto a isso. Em seguida, bastava resolver o assunto do post de hoje para depois começar minhas outras atividades.

Falar sobre a censura? Deixarei para os amigos jornalistas e publicitários visitantes e aqui linkados. Falarão com mais critério. Compulsão? Para os médicos e psicólogos. Se bem que me sinto, às vezes, minha própria terapeuta. Desculpas à classe. Foi só uma brincadeira. Não serão necessárias retaliações. Por essa razão, não.

Queria que fosse alguma coisa para fugir da mesmice. Poderia falar da minha vontade de perguntar para a Shirley*, ajudante de alguém, em sua casa, porque ela, uma moça jovem, de 24 anos de idade, nunca aprendera a ler e escrever. Dali, sairiam reflexões sobre a educação no Brasil, preconceito social, julgamentos alheios e a cegueira da justiça, assistencialismo, filantropismo. Ah, nem ! Assunto muito extenso e complicado.

Quem sabe falasse sobre minha hesitação religiosa, sobre meus deslizes dogmáticos e sobre o “Hermanoteu na terra de Godah” que assisti ontem e, além de me matar de rir, me fez pensar mais uma vez na bíblia, na manipulação de alguns sobre o “restante-maioria-esmagadora”. Isso renderia, certamente, muito pano pra manga. Panos quentes, frieza humana, tabus, clichês enjoativos, fé, polêmica, acusações de heresia, liberdade de expressão, o livro recorde de vendagem do escritor Dan Brown, até a manipulação da mídia. Capaz que Aécio Neves fosse mais rechaçado aqui que as certezas, muito provavelmente, fabricadas. Cansariam os leitores que vêm em busca de um inocente coffee-break.

Ora, talvez falar sobre a invasão da língua inglesa no cotidiano dos brasileiros fosse uma boa pedida Os tópicos seriam: valorização da cultura, identidade, neologismos grosseiros, xenofobia. Opa! Trabalho acadêmico. Não seria o espaço apropriado.

Era tanta coisa que tinha vontade de... de quê, mesmo??? Postar, contar, dividir, demonstrar, mostrar, expor. Bingo! A exposição. O medo de estar “pavonizando” demais. De estar fazendo desse espaço meu diário eletrônico. Ou, pior. De agenda com direito a papel de bala colado e frases escritas na língua do “p”. Orkut de pensamentos, de intimidades. E aqui, qualquer um pode se “auto adicionar” e se tornar “seu amigo”. E eu, uma adolescente ansiosa pelos novos comentários, cabisbaixa quando constatasse que quase ninguém a visitou naquele dia, ou leu o que tinha a dizer. “Será que minha vida é tão desinteressante para os outros como tem sido pra mim?”, pensaria, desconsolada.

Bingo, bingo! Desinteressante por quê? Tenho muitos amigos, uma filha gente-boa demais, uma família bacana, possibilidades. Porque me sinto assim, às vezes? Homem? Não! Não é possível que esteja me sentindo assim porque não coloquei nenhum ser do sexo masculino em foco novamente na minha vida. Eu já não tinha decidido que assim era melhor? Não tinha analisado que estava feliz em não estar colocando ninguém com potencial para par romântico no meu enredo? Porque essa sensação de vazio, dia sim, dia não? Instabilidade cansativa! Coisa dessa geração “nhem-nhem-nhem” e dessa sociedade fluida.

Bingo, bingo, bingo! Queria também falar de “O amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos”, de Zygmunt Bauman. Um desses autores que conseguem traduzir em palavras o que a gente sente em forma de borboletas no estômago e que vão se multiplicando de maneira tão descontrolada que chegam à mente. Abalam a razão. O prefácio do livro é a parte que, na minha opinião, melhor resume o mal maior da “sociedade líquida” em que vivemos, os relacionamentos. Sendo mais precisa, as dificuldades de se relacionar. “Relacionamento, hoje em dia, é tudo”. Mantra contemporâneo. Tal frase deveria ser traduzida e proferida em sânscrito. Ninguém tem coragem de discordar de tal mandamento sagrado. Não podemos passar por alienados num mercado tão concorrido, certo??? (qual a figura de linguagem ideal para o tom de ironia?). Pensei em colocar aqui, um trecho do livro, mas, aí sim, esse post ficaria longo. Mas é muito perfeita a fala do autor. Resolvo aqui que coloco em forma de um post separado deste, prometo. Assim, ninguém compra gato por lebre.

Olha! Talvez, fosse interessante falar sobre Bingos... assunto polêmico, engraçado, triste...

(pausa para observação)

É pena! O post já ficou muito extenso. Acho que restou apenas decidir o título do texto.
Poderia ser “Bingo!” Não, não, não, muito óbvio. “Diário eletrônico”, muito batido. “Saia da mesmice”, idem. “Sobre...” nem vou me desgastar pensando. Já tenho um post que tem título parecido. “Para rir e para pensar”. Pretensioso... “Falando pelos cotovelos”. “Escrevendo pelos cotovelos”. É. Poderia ser. Mas ainda está fraquinho. Se bem que “Sobre várias coisas e coisa nenhuma” ficaria legal. Também poderia ser, “Comecei o dia chorando e parece que ele vai terminar em gargalhadas”. Nossa, dramático!!!! Ou tragicômico? “Friday, casual day”. Sacaram a ironia? Hã? Hã? Se tem que explicar, não é bom... “A liquidez das idéias”, “Apenas mais um post”, “Ela sempre dá um jeito de falar de si”, “Andando em círculos”, “Foco no foco do cliente” - Ih, o Geraldo vai zombar da minha cara.“Título interativo (placa provisória)”. Gostei.

Pensando melhor, se você já está lendo é porque já fiz a escolha. E por falar em escolha... escolhi terminar meu dia em gargalhadas. Yes, I’m gonna party. Hoje vai ter samba!

P.S.: Se você acha que deve dar opinião, link “Comentários”. Se quiser fazer uma crítica construtiva ou nada construtiva, também. Afinal, mencionei no texto “liberdade de expressão”, não foi?

*nome ficticio

Por Elga Arantes, 2008

Bom Humor. Fim da TPM. A carinha dele está bem melhor.


7 comentários:

Lidiane Piotto disse...

Elguitcha,

de primeiro pensei: "Ah, esse post eu nao vou ler, tá muito grande, o pao de queijo ta no forno e vai acabar queimando..." Mas não é que eu li? E li todo? E, amei? Foi tão bom ler esse texto... tbm adorei o ultimo post, apesar de triste fiquei super feliz de ver que aquilo tudo passou e só quem tem um Deus bem presente no coração consegue "sobreviver" àquilo.

Ah, hj fui no CEU, pensei em te chamar, mas pensei que vc podia estar com a Mel, aproveitando o finzinho das férias dela, mas depois lembrei q ela ta na casa do Gustavo hj ne? Mas ai ja era tarde demais, devia ter ligado, aliás, devia ter pensado menos... rs

Ah-2, to fazendo uma materia na FAE, chama Politica Educacional, vc ja fez? Queria saber como eh, nao tenho a ementa da disciplina!

Ah-3, tô puta!! Todas as pessoas do mundo foram ver Hermanoteu, de menos EU!!!!!!!! Ódio mortal!!!kkkk...

Ah(ultimo), nao acredito que a Luana vai ter uma menina? Sua familia tem algum problema com homens, nao eh possível... HAHAHAHAHAHA!!!

Bjao!!!

Elga Arantes disse...

Adoro qdo alguem diz que gosta de "me ler".

Adorei Ah 1, Ah 2, Ah 3...

Para Ah 1: Pensar é mto bom. Mesmo que seja sobre o CEU. Tb hj to enrolada, nao daria msm.

Para o Ah 2: u adoro Polituca Educacional, mas não faço Fono, ne? Depende do professor, a materia, vc abe, ne? Dalila: otima e exigente. Adriana: ótima e light. Eliane: boazinha. Outros: não sei...

Para Ah 3: Sinto muito, mas foi muuuuito bom. E fui de graça, como sempre. Graças a uma cadelinha. Mas depois te conto.

Sobre a Luana ter meninas e nós, lá em casa, problemas com homens, precisa que eu desenhe? Munha mãe e eu, separadas. Luana aqueles episodios surreais. Samia, frigideira. Nem cachorro lá em casa era femea...

Mas isso vai mudar. A começar pelo cachorro, chamado vecchio, vc ta sabendo, não tá?

Unknown disse...

Eu não sou uma frigideira!
"Pedisculpa" agora...

Patrícia Ferraz disse...

Voto no "Sobre várias coisas e coisa nenhuma"...
Vc se supera, Elga! Que isso! E vc não precisa "ouvir" que adoramos ler vc, pra ter certeza disso, viu!
Outra coisa, quando não comentamos, não quer dizer que não lemos. O texto do acidente ficou excelente! Perfeito! Vc transmitiu realmente muitas sensações... e isso é a parte mais gostosa de ler. Sentir!
Esse post retrata muita coisa que sinto tb. sobre exposição, sobre diário (no blog), sobre relacionamento, sobre o que postar (as vezes quero falar sobre tanta coisa, que não posto nada)...
Bom, keep writing!
Beijosss

Karen disse...

Concordo com a Patrícia, e sinceramente ler seus textos é uma delícia. Já quanto a exposição, eu, estou praticamente nua no meu blog, mas escrever me traz a sensaçnao de alívio, independente de ter ou não leitores meu objetivo não é esse e sim colocar para fora tantos sentimentos contraditórios para que eu mesma leia e veja se há alguma evolução em mim...
Como a minha história é uma só, imagino que as pessoas se cansarão e não terei leitores por tanto tempo assim. Mas o que importa mesmo é escrever!
E o samba, como foi??
bjsss

Elga Arantes disse...

O samba ficou no rock in roll, acredita??

Karen disse...

Ah, desde que rola alguma coisa vale samba, rock'n roll, salsa, soul, pop...rssss.
bj