segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Homenagem por Dias tão especiais!

Ainda era bem cedo para um sábado. Ela acordara pensando em sua vida, na vida de outras pessoas, até que suas reflexões se esbarraram na história de vida daquele homem.

Quando se conheceram, a empatia parecera recíproca. Mesmo sem se verem, conversavam todos os dias em que o acaso permitiu. E sempre que, assim autorizados pela eventualidade, iniciavam um diálogo, ficavam um tempo considerável trocando impressões sobre qualquer coisa. Os assuntos eram interessantes, por vezes espontâneos, mas sempre muito agradáveis. Ela gostava quando ele atendia suas chamadas telefônicas. "Será que ele se lembrava disso?", pensou.

Uma vez, perguntou assim de forma despretensiosa sobre ele à pessoa que lhe proporcionou a ligação entre os dois. Mas este, de respostas monossilábicas ainda, limitou-se a fornecê-la informações superficiais. O que ela já havia suposto quando dos bate-papos informais. Como sua curiosidade era inócua, apenas torceu para que os acontecimentos que sobreviessem lhe proporcionassem conhecer aquele homem pessoalmente.

Como haveria de ser, finalmente se conheceram. E por anos ela o admirou. Ainda admira. Admira sua história de luta e de conquistas, admira sua responsabilidade com a vida e com as pessoas à sua volta, admira seu bom senso, sua generosidade, sua autenticidade. Admira o esforço e a capacidade daquele homem de compreender o próximo, de concatenar atitudes ao contexto de vida das pessoas ao seu redor, a generosidade em aconselhar sem julgar, mas de discernir o bom do mau e o mal do bem. Acima de tudo, ela admira sua sensibilidade e sua humanidade.

Sim, porque como ser humano que é ele também tinha suas imperfeições. As inúmeras vezes que protelou compromissos, sua briga diária com o relógio – talvez no intuito de provar que a desgastante noção imperialista do tempo não o subjugava. Não se curvava mesmo a nenhum tipo de tentativa de dominação, fosse ela qual fosse. Uma teimosia quase infantil, às vezes, uma intransigência voluntária, quem sabe para reforçar sua posição de caudilho. Nada que pusesse em dúvida ou, sequer, abalasse sua retidão. Esta, sempre fora mesmo inquestionável.

Fundador de uma instituição de sucesso se orgulhava dos louros conquistados. Uma vez, ela o ouvira dizer que seus partícipes estavam superando-o. Qual o quê. Era admirável a equipe que havia formado, mas não, eles ainda não superaram seu mentor. Ainda tinham muito que aprender. A inteligência e a astúcia, o compromisso e a responsabilidade, a honestidade e a probidade, já eram qualidades solidificadas na personalidade de cada um deles, era explícito. Contudo, havia outros atributos que a faziam acreditar ainda estar aquele homem em primazia sobre os demais. Ele ainda sobejava. Aprendia enquanto ensinava, recebia quando se doava, tinha dom de apoderar-se ao mesmo tempo em que mediava. Em cada um faltava ainda um pouquinho dele. Ele ainda teria que doar a um, sua solicitude desmedida, a outro, reforçar-lhe a necessidade das práticas solidárias, num terceiro a virtude que dá o sentimento de nossas fraquezas.

Ela se perguntava, às vezes, se eles tinham consciência da ventura da qual desfrutavam. A resposta lhe vinha sempre das demonstrações de apreço que esses mesmos davam àquele homem. Fosse em gestos respeitosos, em atitudes tomadas para felicitá-lo ou em mero discurso. E nesse caso, não poupavam palavras. Também não eram perfeitos e algumas vezes o contrariavam. Mas nada que não fosse aceitável pela natureza da relação institucional.

Ela pensou no quanto realmente gostava daquele homem. Também sabia ter sido ela a responsável em lhe causar emoções inéditas. Fora a primeira a provocar-lhe sensações ainda por ele desconhecidas, mesmo com toda sua vivência. Ela se orgulhava disso. Ainda que não fosse algo que dependera de sua eficiência ou de qualquer outra de suas habilidades. Aquilo fora providencial. O elo eterno entre eles. Mesmo assim, vangloriava-se. Assim, como ele, era ela vaidosa, intransigente e teimosa. Tinha personalidade forte. E sabia que isso poderia ser tão bom quanto ruim. É possível, isso tenha arranhado sua relação de carinho com ele. Mas ela queria acreditar que não. Que assim como ela, ele enxergava os tropeços apenas como... tropeços. Plausível, levada em conta a peculiaridade da ligação.

Desejava muito poder presenteá-lo duplamente pelas datas importantes que se aproximavam. Mas sabia que lhe comprar um presente pouco, ou nada, acrescentaria à vida dele. Era desapegado. Preferia presentear a ser presenteado.

Resolveu, então, dar-lhe alguma coisa produzida por ela mesma. Quis que fosse fruto de algo que lhe proporcionasse prazer. De sua paixão por escrever, teve a idéia de enviar-lhe uma carta. Pensou em como começar. Com qual denominação se referiria a ele? Resoluta, designou: "Querido sogro...".

Sim. Diferente do pai de sua filha, ela não usava para ele a partícula que determinava algo que não é mais, que já passou. Dizia ela achar difícil pronunciar "meu ex sogro". Desculpa tola. Na verdade, quem acha difícil mesmo é o seu coração.

"Feliz dia dos pais! Feliz aniversário! Felizes dias comuns. 'Dias' felizes!"

Por Elga Arantes, 2008.


8 comentários:

Karen disse...

Oi Elga,
poxa que lindo...verdade isso de ex...eu amo de pai≈ão meu ex sogro mas agora consigo chamá-lo de avô da Lelê. Como meu pai tb já faleceu o sogro eh a minha figura masculina. O admiro, o amo, adoro. Ele cuida ainda que indiretamente de mim como filha e meu maior medo era perder o carinho dele e da minha sogra (ex tb :P) amo tantooo aqueles dois....

Estou com saudades, apareça.
bjs

Lidiane Piotto disse...

Agosto é um mês de muitas comemorações, de muitos Dias felizes!!

Aqui,
o Guibas me pediu pra eu comprar um presente de niver do Gustavo, uma blusa. Ele gosta de blusas mais claras e sem muita estampa, não é? Pensei na Osklen, uma marcassa, diz ele que tá gostando agora, hãm! Tamanho “M”, ne? Me dá algumas dicas!!! rs

Hj fui lá na FAE, que prédio lindo, é novo, ne? mas não tive aula, prof nao foi... Affee... Mas depois te conto!!

Bjos!!

Rodrigo Alves de Carvalho disse...

Saudações,

Agradeço decoração os comentáriosque faz em meu blog, sempre com muita propriedade e inteligência. Admiro sua maneira de pensar e vivenciar o mundo. Pudera, é ariana assim como eu.... hehehehehe... Faço níver no dia 02 de abril.

Peço desculpas pois nem sempre retribuo os seus comentários, mas prometo esforçar-me mais para responder...

O conteúdo do seu blog está muito bom, só acho que poderia fazer um layout mais moderno; Se você tiver o interesse eu te ajudo a fazer um layout bem legal.

Estou pensando em comprar um domínio (.com) para o meu blog, o quê você acha? DFevo investir nisso? Custa 14 dólares por ano...

Um grande beijo,

Do seu leitor Rodrigo, do blog Radicalidade Democrática

Rodrigo Alves de Carvalho disse...

Haaa, além do blog Radicalidade Democrática, eu criei um fotolog pro eu filhotinho Nicolas, primeiro filho, hoje com 28 dias de vida.

Quando puder,faz uma visita pra conhecer ele...

http://flogdonicolas.gigafoto.com.br/

Beijos

Sheyla disse...

Só hoje conheci seu blog.
Belas palavras. Bela homenagem.
Quando puder, visite o meu.
www.sheylaramos.blogspot.com
Bjs

Bel disse...

Oi, Helga.
Vim retribuir tua radiante passagem lá pela minha janela. Meu dia havia sido difícil e tuas palavras iluminaram minha sala triste, viu? Luz e vida nova.
Fiquei impressionada com a qualidade imprimida no texto. Tão amoroso e impecavelmente bem estruturado.
Tenha certeza que virei muitas vezes me abastecer de tua afetividade-intelectualizada.
Que a delicadeza direcionada à mim te volte em dobro.
Um beijo,
Bel

Ela disse...

Essas datas especiais renovam o nosso desejo de transmitir todo o carinho que existe dentro de nós!
Felizes dias comuns! E que esse desejo se perpetue por todos os outros dias!

Estou sumida do blog pq viajei! Volto sexta feira e espero postar logo! Muita coisa nova pra contar hehehe

Beijos,
Luiza

Elga Arantes disse...

Poxa, Luiza que aparecimento providencial!!

Tirei vc da lista de blogs 'para se ler todo dia', hoje, achei que vc tinha desistido de escrever. Deixei recados e nada...

Hã! Carente, eu??? rs...

Brincadeira. Já linkei vc de novo. Espero as novidades.

A minha é que amanhã vou ao Girassol...

Beijos.