sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Der Mann ohne Verwandtschaften – o homem/mulher sem vínculos.


Ref.: Pagando a promessa feita. Apenas um aperitivo...

“O principal herói deste livro é o relacionamento humano. Seus personagens centrais são homens e mulheres, nossos contemporâneos, desesperados por terem sido abandonados aos seus próprios sentidos e sentimentos facilmente descartáveis, ansiando pela segurança do convívio e pela mão amiga com que possam contar num momento de aflição, desesperados por ”relacionar-se". E no entanto desconfiados da condição de "estar ligado", em particular de estar ligado "permanentemente", para não dizer eternamente, pois temem que tal condição possa trazer encargos e tensões que eles não se consideram aptos nem dispostos a suportar, e que podem limitar severamente a liberdade que necessitam para - sim, seu palpite está certo - relacionar-se...

Em nosso mundo de furiosa "individualização", os relacionamentos são bênçãos ambíguas. Oscilam entre o sonho e o pesadelo, e não há como determinar quando se transforma no outro. Na maior parte do tempo, esses dois avatares coabitam - embora em diferentes níveis de consciência. No lí
quido cenário da vida moderna, os relacionamentos talvez sejam os representantes mais comuns, agudos, perturbadores e profundamente sentidos da ambivalência. É por isso, podemos garantir, que se encontram tão firmemente no cerne das atenções dos modernos e líquidos indivíduos-por-decreto, e no topo de sua agenda existencial.

***

Os especialistas estão prontos a condescender, confiantes em que a procura por suas recomendações será infinda, uma vez que nada que digam poderá tornar um círculo não-circular, e portanto passível de ser transformado num quadrado...Suas recomendações são copiosas, embora geralmente se resumam a pouco mais do que elevar a prática comum ao nível do conhecimento comum, e daí ao status de teoria autorizada e erudita. Gratos beneficiários dessas recomendações percorrem as colunas de "relacionamento" em publicações sofisticadas e nos suplementos semanais de jornais sérios ou nem tanto, para ouvir o que queriam de pessoas que "estão por dentro" (uma vez que são tímidos ou envergonhados demais pra falarem por si mesmos), para espreitar os feitos e procedimentos de "outros como eles" e conseguir o máximo conforto possível por saberem que não estão sozinhos em seus solitários esforços para enfrentar a incerteza. “

Fragmentos de prefácio, págs 8, 9 e 10. In: BAUMAN, Zygmunt. “Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos”. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor, 2004.

4 comentários:

Karen disse...

Oi Elga,

Este livro deve ser ótimo hã? Relacionamentos humanos...assunto bem complicado. Ultimamente não tenho muito o que falar sobre isso já que cada vvez mais percebo o quão difícil são os relacionamentos. Exatamente isso nunca sabemos quando passam de sonhos a pesadelos a linha é tão invisível que quando percebemos já foi! Como amor e ódio, um só existe pelo outro...
bjs

Anônimo disse...

Será que precisa esfriar para se solidificar? Às vezes me pego pensando se é quando tudo está frio que estamos mesmo solidificados. Cansado de gastar os "ticos e tecos", apenas peço que a temperatura oscile e que essa inconstância não prejudique as tulipas.

Anônimo disse...

Será que precisa esfriar para se solidificar? Às vezes me pego pensando se é quando tudo está frio que estamos mesmo solidificados. Cansado de gastar os "ticos e tecos", apenas peço que a temperatura oscile e que essa inconstância não prejudique as tulipas.

Elga Arantes disse...

Solidificar o que? E para que? Se não dá mesmo para tornar prognosticável o incognicível, ou acorrentar o nômade, nas palavras de Bauman?

Exitem varias especies de tulipas. As do tipo que eu cultivo -e acredito, as que vc tb cultive- são resistentes a oscilações extremas. Graças a nós!