quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Bela é a tulipa, mas como a Rosa perfuma!

Se eu fosse ontem a pessoa que me tornei e hoje sou, não teria acreditado em falsas promessas e teria contado somente comigo.

(Pensando melhor, se amanhã eu for melhor que hoje, não reclamarei o leite derramado e me despirei dessa nuança de vítima indefesa).

Se ontem soubesse o que hoje sei, teria marcado com pedrinhas aquele caminho caso quisesse voltar. E como eu quis!

(Também se tivesse voltado, não teria conhecido desvios tão excitantes!).

Se eu me conhecesse ontem como me conheço hoje, teria feito publicidade ou jornalismo, ou teria mesmo terminado o curso de letras.

(E talvez tivesse me frustrado sem saber se não segui a área educacional, nua e crua, por assim dizer, por preconceito puro. Além disso, nunca saberia se seria mais realizada como tal).

Se eu já não tivesse começado a escrever esse texto, deixaria essa filosofia porca e preguiçosa só nos calabouços dos meus pensamentos e escreveria sobre tulipas e girassóis.

(E não falaria da Rosa, a moça que conheci hoje e que me disse que há tempos não olhava para alguém e percebia brilho no olhar e sorriso de esperança misturado com uma simpatia ingênua).

Se eu fosse outra, soubesse mais, conhecesse mais, escrevesse com mais critério, não descobriria a cada instante, não me surpreenderia a todo o momento e talvez hoje terminasse o dia sem levar a Mel para aproveitar a linda tarde de sol e o céu azul lá fora... onde tudo acontece!

Se não fosse o 'se', hoje não haveria poesia despretensiosa, nem a mulher de hoje vestida da moça de sempre.

Aquela Rosa, hoje, teve todas as cores e se deixou enxergar assim, branca.

Branca da fusão das cores. Dos significados. De todos aqueles sentimentos.

Branca da paz do final do meu dia.



Como gosto de parênteses!

4 comentários:

Fernanda Matos disse...

Lindo...
Caminhos...
E suas cores...

Anônimo disse...

Como diria Rodrigo Amarante, "Se eu fosse o primeiro a voltar e mudar o que eu fiz, quem então agora eu seria?"
Continua incansável heim! Adoro ler seu textos, ainda mais escutando radiohead. Estou começando a gostar de rosas além das tulipas.

Bel disse...

Esse teu escrito me fez aliviar as mazelas de um dia cheio de maus-entendidos. Em contraposição ao passar os olhos sobre tua escrita compreendi tão bem: "Se não fosse o 'se', hoje não haveria poesia despretensiosa, nem a mulher de hoje vestida da moça de sempre."
Tão preciso ...
Tão rico o teu pensar.
Obrigada pelo alívio.
Um beijo,
Bel.

Elga Arantes disse...

Causar alívio despretenciosamente foi muito mais gostoso. Obrigada a você, Bel.

Beijos.