quinta-feira, 10 de julho de 2008

Tá bom, eu confesso!

Já havia me dado conta. Mas hoje preciso que todos vocês saibam. Estou uma viciada. Sim, vários vícios. Claro, todos os temos, sejam biológicos, psicossomáticos, simbólicos ou todos juntos. Mas agora, falo daquele que me toma de forma mais agressiva e, por isso mesmo, tão incômoda. Começou amenizando outro vício simbólico que somatizou e agora é biologicamente evidente.

Quisera eu, meus vícios fossem novamente a natação, o samba, o leite condensado e a banana quente com canela. Seriam também subterfúgios para burlar a ansiedade, mas deixar-me-iam mais leve.

Mas, sem ele, torço para que as horas passem rápidas, para que meu dia termine, minhas angústias se findem e o tédio descanse em uma boa noite de sono... se não sofresse também de insônia aguda. Não. Crônica. Nem sei mais.

Não posso mais enganá-lo. Já não sinto mais o mesmo carinho por ele. Minha forte ligação não passa agora de dependência. Depois que me flagrei num vulgar triângulo amoroso, onde o abatimento físico e moral (enquanto continuar a profanar* tal possibilidade, sinto-me um pouco mais distante dela) tenta, constantemente, se tornar íntimo de mim, sentí-me traída por ele. Mas admito minha parcela grande de culpa. Mas recuso-me a carregá-la sozinha. Meritocracia nua e crua, não! Para nenhum dos pólos, seja o positivo ou o negativo. Continuo a acreditar numa teia de processos que são urdidos de forma mais complexa.

Fato é que não consigo mais controlar a falta que sinto do meu “racumim”, “minha ração”, a “flocx” ou meu “remedinho da felicidade”, como chamava, carinhosamente, meu ansiolítico oficial – a Fluoxetina.

Mas repito: “Estou uma viciada”. Porque desafio qualquer um a apostar comigo que, aqui, o verbo “to be” não caberá nunca. Pelo menos, na sua forma mais plena.

* no sentido de tratar com irreverência

Por Elga Arantes, 2008
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4 comentários:

Ela disse...

Ei Elga!
É bom saber que outras pessoas compreendem o vício pelo forró, no seu caso o samba! Acredito que podemos até trocar seu nome em alguns momentos. Não chamá-lo de vício, mas de paixão, amor ou qq outro nome mais justo e condizente com a alegria que ele nos proporciona. Mas, como o vício pela fluoxetina, esse amor e essa paixão capazes de nos tornar verdadeiros dependentes são, por isso, perigosos. E, pra falar a verdade, do que vale a vida sem os riscos e perigos?

Gostei dos seus textos tb! Voltarei sempre!

Beijos,
Luiza

Anônimo disse...

Tem momentos que não dá pra fugir da realidade...
Nem nos embriagando...fugiremos.

Anônimo disse...

Sai dessa, abre uma skol. Mais barato e prazeroso.

Ops, se bem que barato se vc não for dirigir. A multa agora é alta.

Bjo, bjo, bjo.

Marcelo

Elga Arantes disse...

Prefiro um copo de Cuba...