sexta-feira, 4 de julho de 2008

Conselhos, se fossem bons... seriam de graça! (não se engane, eles não são mais.)


Hoje de manhã eu era azul, me esbarrei no amarelo da tarde e me descobri assim: Verde!

A vida é mesmo assim para todos, dinâmica e condicional. Vivemos de escolhas, somos essas escolhas. Escolhemos relações, escolhemos nos relacionar, ou não, e como nos relacionar com pessoas e com as situações. Depois do exercício do relativismo, então, nossa! (...) ficou mais complexo porque temos justificativas para tudo. Ouvimos dizer: “o que é verdade para você, para mim é versão”, “o que é crime em um contexto pode ser cultura em outro”. Senso comum, academicismo, liberdade de expressão, diversidade...

Pensando assim, viver na imobilidade social das Castas na Índia é até aceitável, quiçá, inteligente para maior probabilidade de relações mais pacíficas, sem maiores dificuldades. Simplicidade... Em quais contextos ainda empregamos de forma respeitosa o termo simples, sem que “soe” como significado para o simplório, para "o menos", para o que ainda necessita evoluir?

Esbarramos com outra peculiaridade humana: queremos sempre o lógico ou desejamos muitas vezes a experimentação, a novidade? Então começamos a relativizar o relativismo das coisas. E se a gente entrar em toda a onda e tentar entender todas as teorias de todos os pensadores que criam e descobrem desde o surgimento da espécie humana, não teremos mais ousadia nem autonomia para tomar decisões em nossas vidas. Coragem para criar. Ainda mais neste contexto pós-moderno, com rítmica e ciclos de acontecimentos tão intensos, em que a noção de tempo é central na vida de todos os sujeitos.

Tenho acreditado na minha lógica e é ela que venho tentado seguir. Porque só pensar, não leva ninguém a lugar nenhum, porque tudo é relativo. Sentir somente, tão pouco. Vivemos em uma sociedade que exige raciocínio para a própria sobrevivência. E como vivemos de relações, é necessário ir vivendo, sentindo e pensando, sempre. E em meu embasamento teórico (com trabalho empírico de campo e revisão “VIDAOGRÁFICA”), tenho tentado simplificar as coisas para ser mais feliz - sem pensar no sentido ambíguo, moderno, relativo do termo felicidade, claro!

Sinto receio em ser controlada pelo imperialismo dos ritmos dessa noção de tempo e de aproveitamento máximo das coisas. Hoje, até nosso "tempo” livre (ou a falta dele), nosso lazer é objeto de exploração, controle e consumismo. Temos que estar alertas para que não banalizemos o que temos, só por estar ao nosso alcance, valorizando sempre o novo e o que não é nosso. Repito toda hora para mim mesma: “todo novo um dia fica velho”. E a gente também vai ficar velho e aí, o contemporâneo e tudo que o envolve, não mais vão nos enxergar com tanto interesse e só o que conquistarmos com alegria e prática de valores abstratos não será completamente manipulado por essa avalanche de mudança de comportamentos e até de identidade que nem sempre podemos acompanhar.

Também, posso me enganar e mudar de idéia depois, e isso, ao contrário do que podem pensar, não me envergonha nem um pouco. Tenho orgulho de ter coragem e coragem para querer agora e não querer logo em seguida.

Fazer a coisa errada, mas ter ponderado sobre ela, não me fará sentir culpa. Mas dar errado sem eu ter tido a responsabilidade de saber o que estou fazendo, ou experimentando, me trará remorso, porque envolverá sempre uma terceira pessoa. Vivemos em sociedade...

Assim, sugiro sentir, mas pensando no que se está sentindo.

Mas lembrem-se: quando se arranca do verde da esperança, o azul da alegria, o que vai sobrar é só o amarelo daquele sorriso sem graça.

Alegria é fundamental e os fundamentos também exigem prática.

Por Elga Arantes, 2008.

Um comentário:

Anônimo disse...

Elga,

Ja tinha ouvido falar que voce escrevia bem. Mas voce escreve muuuuito bem.

Parabens. Suas falas sao indiretamente diretas e de uma franqueza que corta.

Acho que deveria seguir a carreira, rs.

Um abraço,

Júnia (FaE)